03.12.22
Uma das coisas que me confrange mais na sociedade atual é a existência de pessoas a viver em isolamento completo. Uma pessoa a residir só numa aldeia, num lugarejo qualquer, sem outro ser humano com quem trocar uma palavra, nem que seja a saudação diária, é muito confrangedor. Sobretudo, porque são pessoas entradas nos anos, que não escolheram aquele modo de vida. Aconteceu-lhes por via de uma sociedade que fugiu para os grandes centros habitacionais à procura de emprego, de uma vida melhor. Podem dizer-me que há pessoas que vivem em lares, mas que se sentem a viver em solidão mesmo que rodeadas por outras pessoas. Não é a mesma coisa. Não me perguntem como isto se resolve. Mas sei que há pessoas cuja profissão entronca na resolução de problemas idênticos; e sei que o Estado, por intermédio das suas estruturas sociais devia intervir nestas situações. Parece-me que a GNR faz qualquer coisa nesse sentido, o que é de louvar. Mas não chega. E não se trata, a meu ver, de retirar as pessoas, do lugar onde se encontram, onde nasceram e querem morrer, mas de acompanhá-los diariamente por esse interior desertificado. Talvez fosse possível uma ação conjunta, diária, entre as autarquias e a segurança social, nas zonas onde esses problemas são mais agudos. Claro, é preciso dinheiro e boa vontade.