25.04.25
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25.04.25
02.03.25
20.02.25
30.01.25
ESTRANGEIRO
O teu Deus é judeu
A tua música é negra
O teu carro é japonês
A tua pizza é italiana
O teu gás é argelino
O teu café é brasileiro
A tua democracia é grega
Os teus números são árabes
As tuas letras são latinas
Eu sou teu vizinho e
ainda me chamas de estrangeiro?
EDUARDO GALEANO, jornalista e escritor uruguaio (1940-2015)
14.01.25
Os livros não mudam o mundo. Quem muda o mundo são as pessoas. Os livros mudam as pessoas.
01.01.25
Esta velha angústia
Deu lugar a um novo arranjo,
E eu que não sou um anjo
Ou só um anjo caído
Um monstro ferido
Coxo e moído
Que sou como sou
Como quem é
Como é…
Eu…
Hei-de morrer pelo meu pé.
Paulo Anes in Parto de Fé, Caravela Edições, 2019
31.12.24
Talvez um dia eu possa dizer
que tudo o que escrevi
o escrevi para sentir
que vivi
António Garcia Barreto in "O Cio das Manhãs", 2020
07.12.24
Para curar Ana Lopes,
A dois médicos chamei.
Um lhe deu xarope de Rei,
Outro, o Rei dos xaropes.
D. Tomás de Noronha (séc XVI-XVII).
Fidalgo da alta nobreza, sem redimentos condignos, dissipador, estróina, viveu sempre às portas da miséria. Conhecido pelo apodo de Marcial de Alenquer, deixou-nos exemplos de textos ricos em alusões ao mundo social entre o qual vivia.
02.12.24
Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades
Sophia de Mello Breyner Andresen, in Livro Sexto
29.11.24
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinza, negro, quase verde…
Mas nunca tem a cor inesperada.
O Mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.
As paisagens não se transformam
Não cai neve vermelha
Não há flores que voem,
A lua não tem olhos
Ninguém vai pintar olhos à lua
Tudo é igual, mecânico e exato
Ainda por cima os homens são os homens
Soluçam, bebem riem e digerem
sem imaginação.
E há bairros miseráveis sempre os mesmos
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe
automóveis de corrida…
E obrigam-me a viver até à morte!
Pois não era mais humano
Morrer por um bocadinho
De vez em quando
E recomeçar depois
Achando tudo mais novo?
Ah! Se eu pudesse suicidar-me por seis meses
Morrer em cima dum divã
Com a cabeça sobre uma almofada
Confiante e sereno por saber
Que tu velavas, meu amor do norte.
Quando viessem perguntar por mim
Havias de dizer com teu sorriso
Onde arde um coração em melodia
Matou-se esta manhã
Agora não o vou ressuscitar
Por uma bagatela
E virias depois, suavemente,
velar por mim, sutil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo…
JOSÉ GOMES FERREIRA
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