28.01.23
Em certo Reino, à esquina do Planeta,
Onde nasceram meus Avós, meus Pais,
Há quatro lustros, viu a luz um poeta
Que melhor fora não a ver jamais.
Mal despontava para a vida inquieta,
Logo ao nascer mataram-lhe os ideais,
À falsa-fé, uma traição abjeta,
Como os bandidos nas estradas Reais!
E embora eu seja descendente, um ramo
Dessa árvore de Heróis que, entre perigos
E guerras, se esforçaram pelo Ideal:
Nada me importas, País! seja meu Amo
O Carlos, ou o Zé da T’resa… Amigos,
Que desgraça nascer em Portugal!
António Nobre, «Só». Poema escrito em 1889.