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Viagens por dentro dos dias

Blog em torno de literatura, arte, viagens, etc.

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03.08.24

“Por amor a Leonor” de António Garcia Barreto. Prémio Literário Vergílio Ferreira 2024. Brevemente. Book Cover Editora, Porto.

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Capa do romance POR AMOR A LEONOR, Prémio Vergílio Ferreira 2024. O livro sairá em outubro próximo depois de ser apresentado no FESTIVAL LITERÁRIO "EM NOME DA TERRA", iniciativa da Câmara Municipal de Gouveia, a realizar em Melo (Gouveia), terra do escritor Vergílio Ferreira, patrono do Prémio. A ação decorre no séc. XVI.


26.07.24

Ontem fui à Lua subindo 

pela escada de serviço 

Encontrei astronautas 

restos de satélites 

poeiras cósmicas e 

crianças com ar feliz 

o dedo enfiado no nariz 

a sonhar com planetas e estrelas

Que alegria vê-las assim…

Até me esqueci de mim

© António Garcia Barreto

Por Amor a Leonor

Prémio Vergílio Ferreira 2024


29.05.24

O romance, a editar pela Book Cover Editora, começa assim:

O meu nome é João Vasques. Assim me baptizou Frei Luís, meu tio, na Igreja de S. Francisco de Alenquer, corria o ano de 1520, reinando El-Rei D. Manuel. Esta é a história da minha vida. Vou contá-la com modéstia e verdade, embora a verdade seja uma senhora de tantos rostos que por vezes é difícil acreditar nela.

(AGB)


28.04.24

No bairro acontecem coisas estranhas, daquelas que as pessoas adjetivam com a palavra estrambólicas. Não se trata de gatos a miar à lua cheia, ou de cães a ladrar quando ouvem barulhos que não controlam, nem de vozes que chegam do Além, que atemorizam mesmo os intimoratos domadores de leões nas selvas das cidades. Não, não é nada disso. São mesmo coisas difíceis de explicar. É o que diz a menina Eva, locatária do 2.º andar do prédio construído por um pato-bravo nos anos 70, ali para os lados da Brandoa. Ela houve expressões de amor, de alegria, de felicidade. Porém, só ela é que ouve coisas bonitas. Os outros queixam-se do catarro do senhor Bentes, das discussões dos Flores, da música em altos berros expelida através da janela aberta de um brasileiro fã de Elba Ramalho. E há também os bebedores de minis da taberna do rés-do-chão do prédio, que discutem futebol como se estivessem no estádio a invetivarem os jogadores da equipa contrária. Mas nada disto é estranho num velho bairro onde moram reformados de fábricas, doentes crónicos, drogados, bêbados e mulheres com cortes de cabelo masculino, para mais facilmente lavarem a cabeça em casa. O que é mesmo estranho é o senhor Belarmino teimar que aterram OVNIs no seu quintal desde que viu o filme ET cinco vezes na televisão. O senhor Belarmino tem 100 anos. Pode dizer o que quiser. A Polícia já foi chamada várias vezes e não constata nada de estranho. Quer dizer: a existência de OVNIs. O que a Polícia estranha é a menina Eva ouvir expressões de amor, de alegria e de felicidade no meio da algazarra geral do prédio. A menina Eva já foi levada por duas mulheres-polícias para uma conversa informal na esquadra. A Polícia está desconfiada que na casa dela funciona um bordel. Não um bordel qualquer. Um bordel em que mulheres desocupadas e com maridos ausentes, em viagens de negócios, recebem rapazes que passam as manhãs a exercitarem-se num ginásio e as tardes a distribuir felicidade a preços exorbitantes. A Polícia diz não ter provas de nada. Talvez não as procure, diz Dom DeLucas, o poeta do bairro, que leu todos os livros de Charles Bukovski. Também é muito estranho que a menina Eva conduza um Mercedes descapotável, embora démodé, e passe as noites fora do bairro, numa moradia apalaçada, servida por uma criada praticante de wrestling. Também são estranhos os comentários sobre a menina Eva ter um caso com o chefe da esquadra que superintende no bairro. Todos sabemos como é o povo para inventar boatos. Mas há sempre verdades escondidas, como o bicho na fruta.

© António Garcia Barreto


23.10.23

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A notícia mais chocante que recebi depois de regressar a Portugal foi o falecimento da tia Silvéria, vítima de doença prolongada. Ninguém me comunicou nada, nem tinha como fazê-lo. Culpei-me de não ter enviado a ninguém a minha morada de Londres. Vivia num processo muito autocentrado, depois de me afastar de Malvina. Na primeira oportunidade, visitei Lulu, minha mãe. Continuava ao lado do seu Henry, tendo a apicultura e uma horta de mil cheiros e cores como modo de existência e subsistência.

 

O Primo Basílio está de regresso

Podem encontrá-lo na FNAC e em outras livrarias


02.08.23

Captura de ecrã 2023-08-02, às 14.44.07.png

Imaginem-se na pele de um livreiro que mediou a venda de um exemplar da 1.ª edição, de 1878, de «O Primo Basílio», a célebre obra de Eça de Queiroz, por elevado valor. No processo de transporte da obra entre a casa do vendedor, o conde Wenceslau, e a morada do comprador, um bibliófilo conhecido do livreiro, a cargo de um empresa de estafetas, a obra desapareceu. Não só a obra, como o estafeta, o capacete e a moto em que se fazia transportar. Tudo levou sumiço, como que tragado por um grande buraco na floresta de prédios da cidade.
Afonso Pardo, o livreiro, decidiu então contratar os serviços do detetive privado Eneias Trindade, no sentido de recuperar o livro. Ou arriscava-se a pagar o elevado valor reclamado pelo comprador, que entretanto liquidou a obra ao conde Wenceslau.
Devem estar a pensar como conseguiu o detetive resolver a questão, Verdadeiramente, não a resolveu. Ou talvez sim. Pelo menos deu os passos necessários nesse sentido. O resultado até a ele surpreendeu. E a mim, também. Leiam o livro. Está lá tudo.

A propósito do romance

Querubim, o Filho da Puta


18.07.23

Capa_Querubim 15x23_FINAL.jpeg

Leitura em Dia, uma sugestão literária da Rádio Universitária do Minho, com o apoio do DST Grupo. (Transcrição do podcast que pode também ser ouvido em: https://rum.pt/shows/leitura-em-dia) com referência à data de 23/06/2023.
 
Sugestão dos profissionais da rádio: António Ferreira e Sérgio Xavier.
.
Para hoje temos um romance intitulado Querubim, o Filho da Puta. É da autoria de António Garcia Barreto. A edição é da Guerra e Paz. Este exemplo, esta sugestão de leitura para este tempo, para este verão, dá pretexto para confirmar e ver o seguinte: como é a vida literária e editorial em Portugal. Alguém procura este autor? Alguém lê este autor? Tirando talvez os amigos e os familiares poucos conhecerão António Garcia Barreto. Serve para dizer que o meio editorial português todo ele é feito de pecadilhos, pequenas invejas, rancores, esquecimentos, velocidade, tudo adiante que atrás vem gente e este já não interessa, é descartável. Mas se vos disser que este é um dos casos de maior injustiça e apagamento que se fez nos últimos anos em Portugal; o desinteresse total por um autor é algo a bradar quase ao vento ou aos céus.
(…)
António Garcia Barreto teve livros importantes sobre a literatura infanto-juvenil, os ensaios, livros maravilhosos, encantadores e encantatórios para os mais novos, na Ambar, na editorial Ambar, e depois também excelentes romances, bons romances em outras chancelas, como é o caso da Campo das Letras, mas já lá iremos. António Garcia Barreto, ele nasceu na Amadora em 1948, no dia 15 de dezembro, é licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, esteve como militar na guerra colonial, foi livreiro, gestor de recursos humanos e diretor de pessoal. Colaborou com vários jornais, o Notícias de Lourenço Marques, o Diário Popular, o República e também nos suplementos O Pimpão e O Pontinho, daqui o seu gosto pela literatura infanto-juvenil. Esteve nos anos 80 na criação e dirigiu A Oficina do Tio Lunetas, no Notícias da Amadora, um suplemento também para os mais novinhos, se quisermos. O seu conto O Minuto Mágico foi distinguido no Prémio Literário Hernâni Cidade, da C.M. do Redondo, e na Campo das Letras - e aqui estamos nós em 2005 - o romance Ensina-me a Namorar. E em 2006, sobre a guerra colonial, o romance À Sombra das Acácias Vermelhas. Tem já deste ano de 2023, O Regresso do Primo Basílio. Este é um policial.
(…)
João do Passos (protagonista de Querubim, o Filho da Puta) está em França, mais precisamente em Annecy, e embate de frente com Malvina Bleck, uma suposta hospedeira de bordo. A mala que arrasta Malvina Bleck é de uma empresa ou de uma grande transportadora aérea. Malvina convida João dos Passos para Londres. O nosso amigo hesita bastante, mas o canto da sereia é tão afinado e melodioso, para além dos ouvidos rebenta-lhe com o cérebro e com o coração. E ele vai, vai, e é a partir daqui, do mundo da criminalidade, o mundo daquilo que são os negócios mais obscuros e escuros da arte em Lisboa, vai perceber qual é a sua missão, o papel que terá de desempenhar João dos Passos junto de Malvina, porque também é fácil de perceber, que quadros e esculturas não cabem na mala da nossa hospedeira. E é aí que entra o coração, o amor, e o amor quando entra, como se sabe, ai, ai, que são elas, e a casa começa a abanar e de que maneira.
A afirmação de um excelente autor, descubram-no aqueles que não o conhecem. Quem conhece, esperemos que haja alguém, aprecie esta escrita maravilhosa num português escorreito e em alta velocidade, que, garanto-vos, depois da primeira página é de um folgo só. Uma maravilha.

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