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Viagens por dentro dos dias

Blog sobre tudo e sobre nada. Em particular em torno de literatura, arte, viagens.

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A Mitra Desaparecida

Novela juvenil de aventuras


11.01.25

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Finalmente, férias! O Rubens, a Renata e o Francisco, acompanhados dos seus inseparáveis animais: Black - um labrador retriever - e Balelas - um papagaio verde - estão felizes! Férias é diversão e muita adrenalina. Para os nossos amigos estas férias serão também sinónimo de aventura, e das grandes!
Uma viagem no tempo que os levará da Lisboa do século XXI à Lisboa do século XV, por entre príncipes, carros de bois e bobos da corte. Tudo por causa do desaparecimento da mitra do arcebispo.
Mais info: https://www.wook.pt/livro/a-mitra-desaparecida-antonio-garcia-barreto/23816845


03.01.25

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Francisco ia dar uma dentada na maçã quando viu uma lagarta sair por um buraquinho. Ficou sem acção. A lagarta abriu um sorriso e disse:

— Desculpa, deixa-me sair antes, sim?

© António Garcia Barreto (do livro Pescar à Linha, em preparação)

(ilustração de Sara Hagade on tumblr)


01.09.24

— Se fôssemos muito amigos poderíamos trabalhar para endireitar o mundo.

— Isso é o que tu dizes. Era preciso muita força. O mundo não se endireita com uns ramos de flores ou com um abraço.

— Pois não. Tem de ser com muita força. Talvez mesmo à paulada.

— À paulada não é jeito de se fazer nada de bom.

— Mas com rezas também não. Olha lá os padres, a rezar noite e dia, e o mundo está cada vez mais torto.

— Talvez tenhas razão. Mas eu não me meto em política nem em religião.

— Porquê? Tens medo que te apalpem a bochecha?

— Não tem nada a ver com medo. A política e a religião são temas para iniciados. Não vês os padres que antes de o serem têm de frequentar o seminário? E os políticos têm de frequentar as juventudes partidárias.

— E daí?

— Daí que juventudes partidárias fazem-me lembrar as juventudes hitlerianas e a Mocidade Portuguesa, masculina e feminina. Nada de misturas para a vida não se contaminar.

— Tens pinta de político, mesmo que negues: discursos ocos e redondos.

— Estás parvo, ou quê?

— Pode ser que sim. No entanto, mais vale um parvo na mão que dois a voar, não é o que dizem?

— Não, não é o que dizem. Confundes tudo.

© António Garcia Barreto


11.03.24

Um dia, já lá vão muitos anos, uma professora portuguesa de uma escola próximo de Ourense, convidou-me para uma Festa Literária dedicada aos jovens, numa escola em que era professora, que decorrerira num fim-de-semana numa localidade perto daquela cidade Galega. Trocámos correspondência (ainda não havia emails nem telemóveis) acerca de alguns dos meus livros infanto-juvenis e ela até me falou que contavam também com a presença de Alice Vieira, que nessa época começava a ser muito conhecida devido ao seu livro "Rosa, Minha Irmã Rosa".

No sábado indicado, ao romper da aurora meto-me no carro com a minha mulher e lá fomos corresponder ao amável convite. A meio da manhã, centenas de quilómetros depois, chegámos à localidade galega. Estacionei o automóvel e procurei pelo colégio e pela professora. O colégio estava encerrado, da professora não havia rasto (vivia em Portugal, no Minho), e de Festa Literária na aldeia ninguém sabia. De Alice Vieira também não. Estava um dia esplêndido. Não me senti enganado, eu conhecia a professora, mas a verdade é que algo correra mal. Aproximava-se a hora de almoço. Encontrámos um restaurante familiar com uma agradável ementa, a começar por uma cativante tábua de queijos. Depois do almoço, metemo-nos no automóvel e regressámos a Lisboa como se fosse logo ali ao lado. A despesa foi grande, mas eu corria por gosto. Não me lembro, hoje, com exatidão, qual foi a explicação que a professora me deu, mais tarde, quando a interpelei um pouco aborrecido. Teria tido a ver com a alteração da data da Festa Literária e alguém se esquecera de me avisar. Foi a partir daí que comecei a perceber que trabalhar de borla saía caro.

Trabalhar e descansar

Estórias que se contam


22.11.23

Certo dia um homem viu o historiador Alexandre Herculano, de enxada na mão, a trabalhar umas terras na sua Quinta de Vale de Lobos. Cumprimentou-o.

- Bons-dias, senhor Alexandre Herculano. Então, a trabalhar logo de manhã.

- Não estou a trabalhar, estou a descansar - respondeu Herculano.

Dias depois o mesmo homem voltou a passar pelo mesmo local encontrando Herculano sentado numa cesta de apanha de azeitona, encostado a uma porta.

- Bons-dias senhor Alexandre Herculano. Hoje está a descansar.

- Não estou a descansar, estou a trabalhar.

Crónica de Ventimiglia

Antigamente, no verão


02.08.23

Numa viagem de férias em companhia de amigos, num velho VW carocha, muito antes da existência do Espaço Schengen, ao atravessarmos a fronteira entre a França e a Itália, idos do Mónaco e de Menton, a polícia mandou-nos parar. Simpáticos, os guardas ficaram muito admirados de verem portugueses por ali. Éramos uma espécie rara, naquela época, fora do espaço ibérico. Fizeram-nos algumas perguntas e evocaram o vinho do Porto, mostrando-nos que conheciam alguma coisa de Portugal (estranhei não evocarem o Benfica, que tinha sido bicampeão europeu). Como o carro ia na reserva ou quase, perguntámos se o posto de combustível ficava longe. A resposta foi:

– Ventimiglia.

Trocámos olhares, um pouco desolados.

– Vinte milhas são mais de trinta quilómetros – comentámos, em uníssono. – Vai ser apertado.

Metemo-nos à estrada, devagar, para poupar combustível. Ainda não tínhamos andado cinco quilómetros quando vimos um marco toponímico anunciando a próxima localidade: Ventimiglia. A nossa tradução à letra de italiano e o desconhecimento da região produziu asneira. Mas deu para andar todo o dia a rir à conta de ventimiglia.


17.07.23

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O rapaz ia pela rua a mastigar pastilha elástica. Entrou na farmácia para levantar o medicamento para a avó. De repente, a pastilha colou-se-lhe ao céu-da-boca e à língua. Não conseguia abrir a boca, não conseguia falar. Fez um gesto para o velho farmacêutico, apontando a língua presa. O homem procurou os óculos de ver ao perto, mas não os encontrou. Aproximou-se do rapaz, meteu-lhe os dedos na boca e arrancou-lhe a língua.

© António Garcia Barreto in "Histórias de Bolso"


16.01.23

A gaja entrou-me no quarto como se me quisesse comer todinho, ali assim, desprevenido, como vim ao mundo, mas em formato atualizado. Fiquei a vê-la avançar de olhos brilhantes, seduzindo-me com a sua vozinha estrídula e as suas pernas longas. Quando se aproximou puxei o gatilho do spray e matei-a. Detesto melgas.

© António Garcia Barreto

Luísa de Jesus

a primeira serial killer portuguesa


09.01.23

A Pena de Morte foi abolida em Portugal em 1 de Julho de 1867. A última mulher portuguesa a ser condenada à morte por enforcamento (mas não só, como veremos adiante), foi Luísa de Jesus, de 24 anos, acusada de ter assassinado 33 crianças. Foram crimes hediondos contra bebés, que levaram a apontá-la como a primeira assassina em série portuguesa. Luísa de Jesus nasceu em Figueira do Lorvão, município de Penacova, em Dezembro de 1748, filha de Manoel Rodrigues e de Mariana Rodrigues, uma família de baixa condição social. Era recoveira de profissão, ou seja, uma mulher que percorria as aldeias comprando e vendendo mercadorias. Nesse tempo era comum existirem casas, sobretudo conventos e hospitais, com Roda de Enjeitados. Tratava-se de um engenho giratório em madeira, com a forma de roda, dividido ao meio. Servia para as mães, gente muito pobre ou com outros problemas, abandonarem aí os bebés fazendo-o com privacidade. Do lado de fora as mães deixavam o bebé, que depois era recolhido no interior por freiras dos conventos ou em serviço hospitalar. As mães tocavam uma sineta avisando, deste modo, a presença de um bebé na Roda, para que logo recebesse a atenção que merecia. Era aqui que entrava Luísa de Jesus. Ia buscar bebés abandonados na Roda de Coimbra, usando o seu nome verdadeiro ou outro, falso, com o intuito de se apoderar do enxoval da criança e receber 600 réis, valor dado pela instituição de cada vez que se ia buscar uma criança para a adoptar. Segundo os juízes que a condenaram, nunca no nosso país se tinha visto “um monstro de coração tão perverso e corrompido”. Luísa de Jesus foi condenada a percorrer as ruas com uma corda ao pescoço, enquanto os seus crimes eram lidos em voz alta. Depois, foi queimada com uma tenaz em brasa ("atenazada"), e teve as suas mãos decepadas. Finalmente, acabou por falecer no garrote, e o seu cadáver foi queimado pouco depois. Luísa de Jesus deixou um legado negro de morte e de terror que ficou para a história pelos piores motivos.

Fontes e mais informações em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Luísa_de_Jesus e www.vortexmag.net/luisa-de-jesus-assassina-em-serie-portugal

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