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Viagens por dentro dos dias

Blog em torno de literatura, arte, viagens, etc.

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09.08.23

Mário_Cesariny.jpg

PASTELARIA

Afinal o que importa não é a literatura nem a crítica de arte nem a câmara escura
Afinal o que
importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio
Afinal o que
importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante
Afinal o que
importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício
Não
é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola
Que afinal
o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come
Que afinal
o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!
Que afinal
o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora!
– rir de tudo
No riso admirável
de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra

© Mario Cesariny de Vasconcelos

05.08.23

Assistindo de longe à Jornada Mundial da Juventude, que decorre em Portugal, duas coisas se destacam de tudo o resto: a extrema simpatia e disponibilidade do Papa Francisco (de 86 anos) em relação aos milhares e milhares de pessoas que o têm recebido; e o modo como a juventude o ouve, aclama e participa nestas suas Jornadas. Têm-se assistido a uma grande festa e ao diálogo do Papa com a juventude presente.

É visível que esta juventude não se inscreve, em geral, na faixa dos mais pobres da sociedade. Pertence mais a um estrato de classe média, com uma maior base educacional e algum dinheiro. Mas não deixa de ser juventude e participar com extrema alegria nesta festa intercultural da Igreja Católica. 

26.02.23

Na minha modesta opinião, o que estraga o Festival da Canção da RTP (mas não só) é o excesso de cenografia. Lembram-se quando o Salvador Sobral ganhou o Festival da Canção? Não foi preciso carregar na cenografia.

Os lábios

Nos 100 anos do poeta

21.01.23

 

Na música que é tua,
meus lábios torrenciais
caem pesados, duros.
E nunca mais.

Despenham-se a prumo:
vidros ou punhais.
Arrastam-te ao fundo.
E nunca mais.

 
Eugénio de Andrade, "Obscuro Domínio".

01.12.22

Restaurámos o país dos Espanhóis, em 1640. Mas ainda não conseguimos restaurar o país de nós próprios. A inveja, como o grande emblema social; a Escola e a Saúde que nunca mais entram nos eixos; os políticos que não conseguem uma plataforma mínima para tornar este país governável atendendo aos interesses dos cidadãos, sem que se ande sempre a remendar decisões; a Justiça que tem um tempo tão lento, tão lento, que nem parece a Justiça do nosso tempo; o novo aeroporto que anda há décadas a ser discutido entre gregos e troianos; a Cultura que é o brinquedo de meia dúzia de obstinados; os egos sempre muito inchados em razão de nada ou de muito pouco; as capelinhas, os influencers (que raio de palavra num país com séculos de uma língua própria)... Enfim, ou restauramos o país de nós próprios, ou haverá sempre razão para nos queixarmos perante a indiferença dos poderes públicos. Ah, e restaurem Sua Excelência, porque me sinto envergonhado com o que está em funções.

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