26.01.25
Uma pessoa vai pela rua levada pelo vento e começa a ter vontade de voar. Se os braços fossem asas nós seríamos passarinhos. Ou passarões. Mas para ser passarão não precisamos de asas, andam por aí muitos a voar rente ao solo e a sorrir, porque os passarões sorriem até nos roubarem o fígado. Depois de nos levarem o fígado levam-nos o resto, como os abutres. É verdade que há quem não distinga passarinhos de passarões. É um problema de visão, de miopia, talvez. Não há remédio para essa cegueira. Há passarões que viajam com a mala dos outros dentro da sua própria mala, obviamente por uma boa causa. Eles acreditam que estão a fazer o bem sem olhar a quem. Agora vejam lá onde é que eu já vou levado pelo vento, a ter vontade de voar para outro lugar, que não há.