28.04.24
Cada viajante constrói, das cidades que ama, uma ideia que raramente coincide com a lógica da geografia urbana. Na sua forma de amar uma cidade, desenha percursos, associações imaginárias, mitos instrumentais que o fazem ver as fachadas, os monumentos, as praças e as gentes de uma determinada zona como os melhores sinais identificadores do espírito do lugar. A sua noção de geografia é essencialmente afetiva, as suas preferências não são racionais e, por isso, essa zona eleita figura no seu espírito, e para sempre, como o centro da cidade.
António Mega Ferreira in Roma, exercícios de reconhecimento, 2.ª ed., Sextante Editora, 2019