O Querubim é bom rapaz
Bertrand, Wook, FNAC
07.12.24
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07.12.24
05.11.24
03.11.24
Imaginem-se na pele de um livreiro que mediou a venda de um exemplar da 1.ª edição, de 1878, de «O Primo Basílio», a célebre obra de Eça de Queiroz, por elevado valor. No processo de transporte da obra entre a casa do vendedor, o conde Wenceslau, e a morada do comprador, um bibliófilo conhecido do livreiro, a cargo de um empresa de estafetas, a obra desapareceu. Não só a obra, como o estafeta, o capacete e a moto em que se fazia transportar. Tudo levou sumiço, como que tragado por um grande buraco na floresta de prédios da cidade. Afonso Pardo, o livreiro, decidiu então contratar os serviços do detetive privado Eneias Trindade, no sentido de recuperar o livro. Ou arriscava-se a pagar o elevado valor reclamado pelo comprador, que entretanto liquidou a obra ao conde Wenceslau. Mais informações na WOOK.
02.11.24
22.10.24
Colaboração na Revista Escritor, 3.ª série, N.º 11, Julho de 2024, edição da Associação Portuguesa de Escritores na comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, com o conto UM MINUTO MÁGICO, anteriormente (1996) distinguido no PRÉMIO LITERÁRIO HERNÂNI CIDADE, C. M. Redondo.
22.10.24
14.10.24
In illo tempore. Naquele tempo a vida não era simpática para os pobres. Sobretudo, se viviam numa qualquer aldeia do interior do país, onde a luz não chegava e água só a do poço ou de uma fonte pública. Aldina casou com dezasseis anos e teve um filho aos dezassete. Lavava roupa para fora, para as senhoras da cidade. O marido, um rapaz de vinte anos, sem aptidão para lavouras preferiu ir para a capital tentar a sorte numa oficina de serralheiro, que ia mais a seu jeito. Pouco habituado ao trânsito caótico de uma cidade em crescimento, quase sem regras de trânsito, ao fim de seis meses de cidade morreu atropelado ao atravessar a rua, colhido por um carro que ultrapassou um eléctrico. Aldina vestiu-se de luto e assim ficou toda a vida. Nunca mais casou. Preocupou-se apenas em criar o filho que, na idade em que a mãe se casou, também ele decidiu rumar à capital e dali para qualquer outro lado, que nunca revelou. Aldina ficou sozinha, definitivamente. Lavava roupa e rezava pelo filho e pelo marido. Morreu sozinha, aos quarenta anos, de uma septicémia, sem nunca ter visto mais que os vinte metros de quintal do casebre onde morava, o caminho para a capela da aldeia, e os trinta passos para casa de uma vizinha com a qual passava as tardes de domingo a tricotar malha e a viver a vida que a vizinha já vivera, quando fora criada de um conde, em Lisboa. Uma vida.
© António Garcia Barreto in "Pescar à Linha", contos.
30.09.24
O meu nome é João Vasques. Assim me baptizou Frei Luís, meu tio, na Igreja de S. Francisco de Alenquer, corria o ano de 1520, reinando El-Rei D. Manuel. Esta é a história da minha vida. Vou contá-la com modéstia e verdade, embora a verdade seja uma senhora de tantos rostos que por vezes é difícil acreditar nela.
27.09.24
01.09.24
— Se fôssemos muito amigos poderíamos trabalhar para endireitar o mundo.
— Isso é o que tu dizes. Era preciso muita força. O mundo não se endireita com uns ramos de flores ou com um abraço.
— Pois não. Tem de ser com muita força. Talvez mesmo à paulada.
— À paulada não é jeito de se fazer nada de bom.
— Mas com rezas também não. Olha lá os padres, a rezar noite e dia, e o mundo está cada vez mais torto.
— Talvez tenhas razão. Mas eu não me meto em política nem em religião.
— Porquê? Tens medo que te apalpem a bochecha?
— Não tem nada a ver com medo. A política e a religião são temas para iniciados. Não vês os padres que antes de o serem têm de frequentar o seminário? E os políticos têm de frequentar as juventudes partidárias.
— E daí?
— Daí que juventudes partidárias fazem-me lembrar as juventudes hitlerianas e a Mocidade Portuguesa, masculina e feminina. Nada de misturas para a vida não se contaminar.
— Tens pinta de político, mesmo que negues: discursos ocos e redondos.
— Estás parvo, ou quê?
— Pode ser que sim. No entanto, mais vale um parvo na mão que dois a voar, não é o que dizem?
— Não, não é o que dizem. Confundes tudo.
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