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Viagens por dentro dos dias

Blog em torno de literatura, arte, viagens, etc.

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Viver sempre também cansa

José Gomes Ferreira


29.11.24

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O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinza, negro, quase verde…
Mas nunca tem a cor inesperada.

O Mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.

As paisagens não se transformam
Não cai neve vermelha
Não há flores que voem,
A lua não tem olhos
Ninguém vai pintar olhos à lua

Tudo é igual, mecânico e exato

Ainda por cima os homens são os homens
Soluçam, bebem riem e digerem
sem imaginação.

E há bairros miseráveis sempre os mesmos
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe
automóveis de corrida…

E obrigam-me a viver até à morte!

Pois não era mais humano
Morrer por um bocadinho
De vez em quando
E recomeçar depois
Achando tudo mais novo?

Ah! Se eu pudesse suicidar-me por seis meses
Morrer em cima dum divã
Com a cabeça sobre uma almofada
Confiante e sereno por saber
Que tu velavas, meu amor do norte.

Quando viessem perguntar por mim
Havias de dizer com teu sorriso
Onde arde um coração em melodia
Matou-se esta manhã
Agora não o vou ressuscitar
Por uma bagatela

E virias depois, suavemente,
velar por mim, sutil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo…

JOSÉ GOMES FERREIRA

Sebastião da Gama

O poeta da Arrábida


27.11.24

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Quero é que venha, venha
de onde vier,
a Vida.
 
E tão rica de si
que não precise de versos,
nem precise de pedras com dizeres,
para ser conhecida.
 
Venha,
porque há-de haver um pai
que há-de contar a um filho que haja sempre
a história da minha vida.
 
Sebastião da Gama in O Inquieto Verbo do Mar, Assírio & Alvim, 2024 (imagem: Sebastião da Gama e a mulher Joana Luísa da Gama


20.11.24

 

 Transcrição da ata do júri do Prémio Literário Vergílio Ferreira 2024, relativamente à apreciação do romance "POR AMOR A LEONOR, de António Garcia Barreto"
"Por amor a Leonor é um romance situado no séc. XVI, que fala simultaneamente da experiência histórica e da presença portuguesa em diferentes regiões do mundo, nomeadamente na Índia. É um romance que seduz pela sua audácia narrativa. É também assinalável a capacidade efabulatória do autor com o recorte das personagens, através das quais convivem discursos de desejo, formas de relacionamento humano e representações de um Portugal quinhentista/seiscentista cuja memória continua a inspirar muitos escritores. Os feixes de linguagem cruzam sabiamente uma elevada qualidade trazendo a este romance um equilíbrio que muito justamente o coloca dentro e para além do romance histórico, cuja intensividade cativa a atenção do leitor."

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18.11.24

Os hábitos... são formas concretas de ritmo, são aquela porção do ritmo que ajuda a manter-nos vivos.
Julio Cortázar, escritor. (Blow Up e Outras Histórias)


18.11.24

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Parabéns pelo livro. Sem esquecer a Malta da rua dos Plátanos, dos livros que li escritos por ti, este é sem dúvida o melhor. Não se limita a uma estória. Toda a descrição da vivência e ambiente da época está descrita de forma a podermos vivenciar toda a trama. Este livro era ótimo para fazer um filme. E são deliciosas as surpresas que nos aparecem entretanto, como os encontros com Camões e Fernando Mendes Pinto. No final embora o moço tenha regressado num dia de nevoeiro pensei que deixasses os Pais a espreitar para o Tejo em todos os dias de nevoeiro. Continua a fazer investigação e a escrever livros como este que bem mereceu o prémio atribuído. Beijos
(Leitora: ANTÓNIA FONSECA)


12.11.24

 

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Coloque o seu ouvido perto da sua alma e ouça com atenção.

ANNE SEXTON (1928-1974), poeta norte-americana, PRÉMIO PULITZER DE POESIA, em 1967. Desde muito nova instável emocionalmente, depressiva e com tendências suicidas, ela cometeu suicídio aos 45 anos.

POEMA
O problema foi este:
eu deixara congelar os meus gestos.
O problema não estava
na cozinha ou nas tulipas
mas apenas na minha cabeça, na minha cabeça.
 
ANNE SEXTON

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