Facebook, Futebol e Fátima é o novo triunvirato mobilizador dos portugueses. O Fado perdeu o apetite, emagreceu, agora aparece mais travestido de fado-canção ou canção com viola e guitarra a acompanhar. A juventude já não é fadista, embora continue a haver jovens que gostam de fado, sobretudo os filhos da pequena-nobreza-aburguesada. Na verdade, em mais de cinquenta anos de democracia, mantivemos os três FFF que nos definiam como povo, substituindo apenas a palavra de um deles: fado por facebook. Estou convicto de que o Facebook tem alguma coisa de fado, pois é aí que muita gente vai exprimir as suas mágoas, mostrar a sua dignidade ferida, as suas esperanças e os seus sonhos, e falar dos seus amores... desgraçados. O Facebook tem ainda a vantagem de funcionar como comunidade de vizinhos (já que na rua e na escada do prédio poucos trocam saudações), onde se encontram aqueles que sob o rótulo de amigos charlam a toda a hora e se deixam encantar com a exposição permanente de fotografias, imagens e memes. Eu também estou inscrito nessa comunidade de vizinhos, povoada por grande número de recoletores do trabalho alheio, através da palavra mágica Partilha.