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Viagens por dentro dos dias

Blog em torno de literatura, arte, viagens, etc.

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31.03.21

DONA REDONDA E A SUA GENTE

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Dona Redonda é a personagem das novelas juvenis de Virgínia de Castro e Almeida, intituladas "História de Dona Redonda e Sua Gente" e "Aventuras de Dona Redonda", ambas publicadas em 1.ª edição no ano de 1943, pela Clássica Editora (se a memória não me falha). Dona Redonda divide a primazia de ser personagem central destas obras juntamente com Dona Maluka, e as crianças  Chico (português), Dick (inglês), Franz (alemão) e Zipriti (menina mulata). A escolha destas personagens não foi naturalmente feita ao acaso. Estava-se em plena II Guerra Mundial e a nacionalidade das crianças alemã e inglesa, que se tornam amigas, tem um significado. E, claro, Chico, o menino português anfitrião que vai justificar as referências à nossa História, onde há lugar para Zipriti, a menina africana. A ideia da autora quanto a estes livros era que fossem "um ensaio de humour ao alcance das crianças latinas". Gostaria ainda a autora que estas obras - a primeira, sobretudo, dado que foi para ela que escreveu o prefácio - influenciassem o leitor português, tal como "Alice no País das Maravilhas", de Carroll, influenciou aqueles que leram a obra, na sua época. O encontro das personagens dá-se num extenso pinhal, primeiro os rapazes, depois estes e a Zipriti e, por fim, conhecendo Dona Redonda e Dona Maluka. Daqui às aventuras entre todos é um passo. Algumas destas aventuras são repassadas de História de Portugal, outras de pura imaginação, aqui e ali com uma piscadela de olho a Salazar e às maravilhas do Estado Novo. As novelas estão escritas com desenvoltura, numa linguagem que agarra o pequeno leitor, socorrendo-se de abundantes diálogos.

António Garcia Barreto in "Dicionário de Literatura Infantil Portuguesa", Campo das Letras, Porto, 2002

31.03.21

Quando ninguém olha para ninguém e a ninguém dirige a palavra, porque vive encafuado na tela de um smartphone ou anda a passear uma inexplicável arrogância, ou acha que pertence a uma casta superior; quando alguém fala com gatos e com cães, os passeia e acarinha, os trata a bolinhos e os veste e calça como se eles fossem gente, e ao ser humano trata com desprezo; quando damos os bons dias e do outro lado ninguém responde; quando um jovem não cede o lugar a um velho porque se acha com o mesmo direito do que ele; quando o nosso ego não cabe dentro de nós e nos estoira na boca; quando os pais se demitem de educar os filhos e a escola se limita a debitar conceitos; tudo isto é… RETROCESSO CIVILIZACIONAL

31.03.21

Era domingo. Alvores do dia. Primeiro chegou ela. Abriu a malha de rede que vedava todo o prédio em construção e, num passo demasiado inseguro, subiu pela escada interior em cimento e chegou ao telhado, à altura de um terceiro andar. Aí sentou-se no vértice das abas do telhado, deixando de lado a mochila e uma lata quase vazia de um qualquer refrigerante. Acendeu um cigarro ou uma ganza, e ficou a olhar o rio largo, duzentos metros à sua frente, que refletia os primeiros raios da alvorada. Passado uns vinte minutos chegou ele, mochila ao ombro, passo trocado. Do alto onde se encontrava ela vi-o chegar e veio à aba do telhado indicar-lhe onde ficava a entrada sem porta do prédio. Ele subiu não sem antes abrir a porta do WC de rua que servia, em dias de trabalho, os operários. Chegado ao telhado, deixou cair a mochila e não se aguentando sobre o vértice que unia as telhas caiu de costas. Passado pouco arrastou-se sentando-se ao lado da parceira. Era-lhe muito difícil controlar os movimentos. Ficaram ali a fumar, a mascar palavras, enquanto olhavam as águas do rio. Passaram duas horas e o sol incidia forte sobre o telhado de chapa metálica. Ela deitou-se no plano inclinado das telhas e adormeceu. Pouco depois, ele tentou fazer o mesmo, caiu de lado e assim ficou a dormir atravessado sobre as telhas. A noite metera certamente muita bebida, muitos shots, ganzas, muitos voos interiores. 

30.03.21

Não sei há quantos anos
existe quase à minha porta
uma praia tão pequenina,
que chego a julgar ser
apenas minha
Os olhos de água doce
fontes a brotar no meio de
um tapete de pedrinhas
deram-lhe o nome:
— Praia das Fontainhas

© António Garcia Barreto

30.03.21

Quando escolho um livro para levar para a cama ou para a secretária, para o comboio ou para oferecer de presente, considero tanto a forma como o conteúdo. Dependendo das ocasiões, dependendo do lugar onde escolho ler, prefiro um livro mais pequeno e cómodo ou mais amplo e substancial. Os livros revelam-se pelos títulos, pelos autores, pelos lugares que ocupam num catálogo ou numa estante, pelas ilustrações na capa. E também pelo tamanho. Consoante a época e o lugar, antecipo que os livros tenham aparências diversas e, como em todas as modas, essas características passageiras fixam uma qualidade precisa para a definição de um livro. Avalio um livro pela capa; avalio um livro pelo formato.
(…)
Alberto Manguel in “Uma História da Leitura”, Tinta-da-China, 2020

30.03.21

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E se de repente a vida desse uma cambalhota e nada fosse como dantes? É assim que se sente Tomás, o protagonista desta estória. Tomás é um adolescente igual a tantos outros. Vive uma vida tranquila, estuda e faz o que fazem os amigos da sua idade. Chega um dia, porém, em que um acontecimento destabiliza o seu dia-a-dia. Apercebe-se de que a vida não é tão estável como pensa. Há obstáculos inesperados que os adultos têm de enfrentar.  Como, por exemplo, ficar desempregado tendo à sua responsabilidade uma família.

Edição Grupo Narrativa

29.03.21

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Romances de enredo romântico que as nossas mães apreciavam. Estes dois ofereci-os a minha mãe no Natal de 1963. Magali (pseudónimo de alguém cujo nome verdadeiro desconheço) escreveu dezenas de livros editados em Portugal pela Romano Torres com tradução de Leyguarda Ferreira (a tradutora de serviço desta casa editora). Era a chamada coleção azul. No mesmo estilo de livros, mas com melhor aspeto e, provavelmente, melhor conteúdo, havia ainda as designadas coleção Branca e coleção Amarela, publicadas pela Editorial Minerva (adenda).

29.03.21

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Quando Osvaldo Ventura abandonou o seu país, aos dezanove anos, nunca supôs que, quarenta anos depois, o seu passado o chamasse de volta para lhe revelar que a vida verdadeira não foi só a que viveu, mas a que deixou para trás esquecida na vila de onde era natural. Tudo sublinhado por uma frase que não teve oportunidade de ler:

- É perigoso brincar com os beijos.

* Wook

* Astrolábio

 

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